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Capítulos iniciais

Traíra

Capítulo 1


No Passado

O Lago

Foi no segundo arremesso que Tomás percebeu que o anzol e a isca haviam chegado no ponto exato onde havia mirado. Era a parte funda do lago, estava a quase quinze metros da margem onde todos os pescadores diziam que os peixes maiores moravam. 

Peixe grande é esperto, não chega perto da margem e sabe que o seu alimento está sempre mais no fundo. Pela primeira vez seu braço, menos franzino do que há um ano, ganhou força o suficiente para um arremesso tão distante. Vibrou apenas com um sorriso de canto de boca olhando para mim. Estava orgulhoso, havia ali uma legenda entre homens, ela dizia que o corpo de menino estava indo embora, pois vinha algo maior e melhor e que despertava uma ansiedade, um sentimento esperado e desejado.

Aquele lago era um bioma muito especial, um sobrevivente às margens de uma cidade que não lhe poupava dos despejos de seus dejetos e dos resíduos de uma grande fábrica de celulose, que por vezes perdia o controle e acabava jogando nele os resultados mal-sucedidos de algum experimento tóxico sem muito valor comercial, mas com alto valor destrutivo. 

Talvez pela sua imensidão, aquele ecossistema conseguiu se renovar e resistir por tantos anos. Eram quilômetros de uma área de águas rasas as quais desaguavam em um grande estuário, uma lagoa de proporções quilométricas. 

Por séculos a água serviu a todos e ninguém ali imaginava o que a palavra “saturar” poderia representar naquele contexto tão bucólico.

Já para nós o pôr do sol fazia parte da pescaria. De bermuda, camiseta e pés descalços dentro da água, transformávamos aquele trapiche num espaço reservado, um santuário onde sabíamos o valor daquele momento.

O silêncio fazia parte da estratégia, não há muita conversa quando se pesca, os peixes sentem, diziam os velhos e os pescadores, apenas o dedo indicador por debaixo da linha poderia perceber a vibração que vinha da isca. Era um jogo de paciência, e que quase sempre definia o mesmo ganhador, no caso, o pescador.

Tomás percebeu uma vibração. Havia algo grande rondando o seu anzol, por vezes beliscou, mas não mordeu. Pequenos círculos se expandiram na água ao redor da linha bem no ponto onde ela submergia. Me olhou e assentiu com a cabeça, afirmando que a primeira chance estava por acontecer.

De fato, a fisgada foi surpreendente, a linha esticou tão rápido e tão forte que cortou o dedo indicador de Tomás. No mesmo estirão, arrancou a vara de pesca jogando-a para dentro do lago. 

Aquilo era bizarro, nenhum peixe de lago teria tamanha força. Por segundos os olhares se cruzaram tentando buscar uma boa explicação. 

Sem ter o que fazer, e sob o risco de perder a vara de pesca, Tomás tirou a camisa e num pulo perfeito mergulhou nas águas escuras. Instantaneamente voltou à superfície, tomou fôlego e sua cabeça girou em todas as direções, tentando visualizar a vara de bambu que flutuava a poucos metros dele. Quando avistou, estava bem mais distante de quando caíra na água, mas com poucas braçadas ia poder recuperar seu instrumento de pesca.

Na medida em que Tomás se aproximava da vara, ela se movia e era arrastada para mais adiante. A pescaria parecia ter invertido, quem estava pescando agora era o peixe. Mas ainda havia um sentido em tudo aquilo. Um peixe grande fisgado, por instinto, fugiria tentando se livrar da armadilha. 

Tomás mirou na vara e nadou com destreza, tentou alcançar o mais rápido que as suas braçadas podiam render. Mas não era bem isso o que estava acontecendo. Quanto mais próximo o garoto chegava, para mais distante o objeto se afastava. Sem perceber, foi conduzido para o centro do lago, estava agora no ponto mais profundo.

Respirou mais uma vez e decidido a ganhar aquela corrida, meu amigo imprimiu força e velocidade nas suas braçadas, chegando a poucos metros da vara de pescar. 

Tomou fôlego novamente e, o que parecia estar superado, surpreendentemente desapareceu na frente dos nossos olhos. A vara de pescar mergulhou qual o periscópio de um submarino, desaparecendo por completo sob o leito do lago.

Era inacreditável que um peixe de água doce pudesse arrastar uma vara daquele tamanho, foi feita para flutuar como uma boia justamente para evitar a perda. O que estava acontecendo ali não tinha muita explicação.

Sem ter o que fazer e conhecendo a escuridão e o turvamento daquelas águas, Tomás ficou sem saída. Flutuou movimentando as pernas e os pés na esperança de que algo diferente 

pudesse acontecer. Sabia que o peixe cansaria em algum momento e traria a sua vara de pesca para a superfície. 

Tomás ficou flutuando por mais alguns minutos, e aos poucos foi ficando cansado. Boiou por um momento para descansar e em seguida começou o caminho de volta. Inacreditavelmente havia perdido sua vara de pesca para um peixe daquelas águas.

No fundo do lago, imaginei que a criatura se movimentava agitada.  Um anzol cravado em sua boca esticava o fino fio de nylon impossível de ser rompido. Talvez o fio estivesse entre seus dentes e a gengiva, machucando a cada movimento. A pressão com certeza irritava o animal, que se pôs a nadar em círculos tentando aliviar a dor. 

Não era mais apenas um peixe. Era algo que o tempo e o veneno moldaram com silêncio e dor – uma aberração da natureza alimentada por resíduos humanos. Seu movimento revolvia o fundo do lago e criava redemoinhos fortes. Havia crescido desproporcionalmente, por anos, décadas de águas poluídas. Uma espécie conhecida, voraz, territorial e briguenta, que na sua versão normal jamais ultrapassaria os setenta centímetros de comprimento e era vista em lagoas e rios de todo o Brasil. 

Por vezes Tomás tomou fôlego, parou de nadar e olhou para trás na esperança de ver sua vara flutuar novamente. Seus movimentos e o bater de suas pernas agitavam as águas, as vibrações agora estavam mais fortes, o peixe identificou a presa. Acelerou em direção ao garoto empurrando seu corpo gigantesco para a frente numa velocidade que fez o menino sentir uma corrente sobre suas pernas, como uma pressão que o levantou na água e o jogou de volta. 

Tomás parou de nadar e acho que prendeu a respiração, estava assustado, mas voltou a nadar. O animal agora o tinha farejado, as vibrações – irregulares e intensas – indicavam agitação. O peixe começou a nadar em círculos junto à superfície.

Seu dorso surgiu da água. Com duas rápidas arremetidas da cauda, estava sobre o meu amigo. Agarrou seu pé com uma força descomunal, os dentes afiados da criatura penetraram carne e osso. Tomás não teve tempo de gritar, foi arrastado para baixo como se tivesse sido pego por um arpão invisível.

Abaixo da superfície, os olhos arregalados do garoto captaram um lampejo da coisa que o atacava: uma bocarra disforme e dentada, pertencente a um peixe de tamanho impossível, com olhos vazios e opacos, frutos de uma mutação que o tornava ainda mais letal. As mandíbulas se fecharam em torno de sua perna e abdômen, e ele sentiu os ossos partirem com um som seco.

O animal o sacudiu com violência, arrancando fragmentos de tecido e pele em cada movimento. Tomás lutava para emergir, mas a criatura o arrastava ainda mais para o fundo, girando o corpo em um frenético e sanguinário balé que deixava a água tingida de vermelho. Suas últimas forças desvaneceram enquanto o peixe devorava sua carne em uma dança de horror e fome cega.

Em instantes, o lago voltou à sua quietude insuportável. Apenas uma leve ondulação e manchas de sangue que se diluíram lentamente na superfície marcada pelo local onde ele estava. No trapiche, eu olhava em choque aquilo que mal podia descrever. Foi tudo tão rápido e assustador que fiquei paralisado e sem poder fazer nada. Meu amigo havia sumido para sempre.


Dias atuais

Bicho no Fundo

O alarme das cinco ainda não tinha tocado, mas eu já estava de pé. Sempre fui assim. Acordo antes da casa, antes da cidade. O corpo vai sozinho até a cozinha, como se soubesse que o silêncio da madrugada é o melhor tempo que vou ter para mim no dia.

Separei os comprimidos do meu avô, a fralda, a toalha limpa. Ele dormia com a boca entreaberta, o rosto oscilando entre o que ainda restava de expressão e o que a doença levou. O esquecimento. Numa das manhãs, me chamou de “Pai”. Noutra, de “Doutor”. Às vezes, só olhava. Aprendi a não corrigir, a aceitar cada novo nome como uma travessia da memória que não me pertencia mais.

Lavei o rosto no banheiro do andar de cima. A água fria escorreu pela pele escura e trouxe um sopro de lucidez. É nesse instante que a vida se revela mais honesta: no frio, no dever, no cuidado com quem já não pode cuidar de si.

No quarto ao lado, Marina ainda dormia com nosso filho, Lucas, encolhido contra ela. Ele, com dez anos, já entendia que eu saía cedo e voltava tarde, mas ainda assim fazia questão de deixar um bilhete na mesa com letras trêmulas: “Pai, bom trabalho, te amo.” Era sempre o mesmo, dobrado ao meio com um coração vermelho no canto.

Li, sorri de leve e guardei o papel na carteira junto aos outros. Eles se acumulavam como pequenas vitórias silenciosas. Eu sei que o mundo pode ser cruel com meninos como o Lucas. E por isso, me esforçava em dar a ele um cotidiano de ternura.

Peguei a mochila, chequei a seringa de coleta, os potes com amostras, o caderno de campo, um gabarito de escamas. Ainda pensava no peixe. Aquele peixe de mais de vinte anos atrás me acompanhava todos os dias. 

Desde a reunião do dia anterior, a teoria não saía da minha cabeça. Corria em círculos dentro de mim, como se tentasse escapar do que era: absurda demais para os olhos dos outros, verdadeira demais para os meus. 

Uma denúncia anônima sobre a fábrica de celulose reacendeu a polêmica sobre o seu verdadeiro papel na região no que tangia às medidas de proteção ao meio ambiente. Parecia que o universo andara mexendo com coisas antigas e decidira me dar este presente, uma revanche para me posicionar e trazer para cima da mesa tudo o que eu sabia sobre a relação entre a fábrica e o lago. 

Não havia como arquivar o assunto uma vez que a ordem estava acima dos interesses da prefeitura local, que se beneficiava há décadas com os proventos e agrados da empresa, prefeito após prefeito. O pedido da investigação veio do gabinete do governador, e era a casa civil que exigia uma resposta clara a partir do nosso Instituto, que também possuía os seus bastidores e mistérios.

Ninguém no Instituto acreditava nas minhas hipóteses, eram radicais demais e assustavam. Doutores, mestres, todos com seus jalecos brancos, palavras cautelosas, sorrisos tortos quando eu falava. Às vezes era só silêncio. Um levantar de sobrancelhas. Outras vezes, vinham os e-mails ignorando minhas análises. Relatórios devolvidos com observações miúdas, frases como “rever metodologia” ou “sugestão: consultar o doutor Marcelo”.

O doutor Marcelo nem era biólogo aquático. Mas era branco e sorria bem nas fotos.

Na primeira vez que falei sobre as mutações numa reunião, ouvi um pigarro lá no fundo e alguém soltou um “Isso não é filme de terror, Omar” com um riso fácil. Engoli a raiva. Respirei fundo. Falei das análises, das deformações genéticas, dos resíduos tóxicos, das mutações plausíveis. Nada. Só anotações no caderno de outro.

Mas eu sabia. Tinha certeza. Porque eu vi. Porque eu lembro.

Eu ainda era adolescente, e o lago era só um lago. Eu e o Tomás passávamos as tardes no trapiche. Os mais velhos diziam que os peixes grandes se escondiam no fundo. E tinha um lugar, uns cinquenta metros da margem, onde ninguém jogava a linha. Essas lembranças vinham sempre na minha mente quando o pensamento era a criatura que devorou Tomás.

Foi o Tomás quem tentou primeiro, e foi ele quem sumiu.

Nunca me esqueci.

O que arrancou a vara da mão dele não era um peixe. Era uma coisa. Um bicho grande demais, com olhos opacos demais. Fiquei meses sem falar nada. A polícia disse que o Tomás se afogou. Quando ouviram meus gritos e chegaram no local, ninguém perguntou por que a água estava mexida. Nem por que a vara nunca apareceu. Mas eu sabia.

Agora, quase vinte e cinco anos depois, o lago voltou a me chamar.

A usina de celulose ainda crescia às margens. As descargas químicas seguiam ocultas entre notas fiscais e laudos que ninguém lia. Mas os peixes começaram a desaparecer ou a aparecer deformados. Os pescadores evitavam o fundo. Uma senhora jurou que viu algo puxar um pato para dentro da água. Riram dela também. Mas eu escutei.

Enquanto caminhava pela rua ainda escura, lembrei da minha mãe. De quando ela adoeceu. Era tarde. Eu tinha dezessete. Uma fila de hospital que não andava. Os olhos dela febris. E eu pedindo socorro, pedindo pela vida dela, diante de médicos que nem olhavam nos meus olhos. Ela não resistiu.

Ali, entendi o que era não caber no tempo dos outros. Pior do que isso era saber que não me enxergavam como nada, minha fala não comovia e nem mobilizava. Mas minha mãe morria diante de todos. Na minha vida esses episódios nasciam assim, nada vinha perfeito ou como o mundo queria ver. O mesmo foi quando me apaixonei.

Conheci Marina num curso sobre ecossistemas. Pele clara, voz firme. Me apaixonei pelas palavras dela. Mas o mundo ao nosso redor não se apaixonou junto. Os olhares nas ruas, o desconforto dos sogros, a surpresa com que diziam: “Você é tão educado...” Eu sorria. Mas sabia.

Desde então decidi escrever uma ou duas frases por dia. Seria um guia da minha razão e da minha consciência, um alerta de que eu tinha uma vida, independente do que o mundo pensasse sobre a minha existência.

Naquele dia, o sol ainda não tinha nascido quando tranquei a porta. Dei um beijo na testa do Lucas. Um carinho no ombro da Marina. Uma manta sobre o meu avô.

A rua ainda cheirava a terra molhada e orvalho. O ônibus ia demorar, como sempre. Já aprendi que os ônibus da periferia chegam depois. Como quase tudo.

Encostei no ponto. Puxei o capuz da jaqueta. A mochila pesava nas costas, mas o corpo seguia em frente. Era isso: seguir em frente.

No fundo do lago, o bicho ainda girava em círculos. E eu, sem saber, fazia o mesmo.

Por vezes tentei me igualar a todos, utopia. Era pela necessidade de saber que eu era como todas as pessoas. Tinha uma família, um emprego público, uma casa de dois pisos construída aos poucos e com economias, um ancestral importante na minha vida e que cabia a mim cuidar dele, não por obrigação, mas pelo prazer da gratidão, pelo amor.  E tinha um filho para a nova geração. 

Só que o mundo não tinha a mesma interpretação. Para qualquer movimento de equidade de uma pessoa branca, no meu caso era necessário o dobro de energia, e sabia muito bem o que esperavam de mim. Apontar o erro era mais importante do que se deparar com algum talento. Foi sempre assim. Quando se é pequeno não se percebe, mas a separação dos mundos sempre vem pelas palavras de alguém que não concebe vitórias e habilidades vindas de um negro.

No Instituto, ser chefe não era apenas coordenar relatórios e reuniões. Era como estar exposto numa vitrine, vigiado por todos os ângulos, à espera do primeiro arranhão. Eu sabia que, a qualquer movimento em falso, a queda seria mais rápida do que o tempo que levei para construir minha trajetória. 

Cada decímetro daquele escritório gelado carregava o peso da expectativa alheia. As cobranças vinham disfarçadas de “sugestões construtivas”. As reuniões paralelas se multiplicavam quando alguns dos meus relatórios tocavam pontos sensíveis demais. Os olhares que me acompanhavam nos corredores não eram apenas curiosos: eram fiscalizatórios, como se esperasse o tropeço inevitável.

Alguns colegas nunca disseram nada abertamente, mas havia sempre uma reserva nas conversas, um ajuste rápido de expressão quando eu entrava na sala. Era como se a minha presença exigisse deles uma consciência desconfortável, algo que preferiam não enfrentar. E, entre os mais antigos, circulava a velha história: “o setor precisa de gente experiente, não apenas bem-intencionada”. Como se minha competência fosse um acidente, uma benevolência do sistema.

O mais difícil era saber que, enquanto eu fazia três vezes mais para ser reconhecido, bastava um erro para que ele fosse eternizado. Era como caminhar sobre um piso de vidro, sempre sob um holofote.

Entre os relatórios e pareceres que revisava, sempre havia algum documento relacionado às atividades da Celulose Riograndense. Uma presença constante, como uma sombra antiga que se recusava a desaparecer. A história desta fábrica era um caminho cruzado com a minha história profissional.

Desde a década de setenta, a Celulose Riograndense 

enraizou-se na região como uma promessa de progresso. Passou por mãos e nomes diferentes, mas nunca deixou de influenciar – como uma sombra silenciosa sobre as águas do lago. Especializada na produção de celulose branqueada de fibra curta – extraída principalmente do eucalipto —, a fábrica transformou paisagens e dinâmicas sociais, nem sempre de maneira positiva.

Durante décadas, vazamentos acidentais e despejos planejados de efluentes alteraram a composição química das águas que banhavam a região. Estudos independentes identificaram altos níveis de metais pesados, alteração da flora aquática, mortalidade de espécies nativas e casos de contaminação humana. 

Cada derramamento era seguido de notas oficiais prometendo “planos de remediação” e “estudos de impacto” que, no papel, encerravam os problemas com uma eficiência que a realidade nunca confirmava.

Em 2015, uma expansão agressiva da planta industrial elevou a produção a mais de 1,8 milhão de toneladas anuais. Com isso, vieram também as consequências: aumento do consumo de água, intensificação da geração de efluentes e um impacto cumulativo sobre a biodiversidade – especialmente nos corpos d’água ligados ao estuário da região.

Mas poucos queriam falar disso. A fábrica era a mãe generosa que financiava festas municipais, construía praças e pintava escolas. Um padrinho que oferecia “progresso” a quem fingisse não ver as marcas deixadas na água e no solo.

O lago onde Tomás desapareceu – e onde outros corpos foram dados apenas como afogados silenciosos – era apenas mais uma vítima desse processo invisível de corrosão.

No Instituto, meus relatórios sobre os efeitos colaterais eram recebidos com aquela formalidade entediante reservada às informações inconvenientes. As análises sobre a água, as mutações nos organismos aquáticos, o aumento de metais pesados – tudo era arquivado sob a categoria “a verificar”.

Enquanto isso, o lago se calava. E eu seguia minha jornada de passos medidos e palavras pesadas. Porque, na pele de um biólogo negro, até a ciência precisava pedir licença para existir.


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