Se você gosta de histórias de superação, tenho certeza de que vai se identificar comigo ao ler a minha trajetória. Quero deixar claro que meu objetivo com este livro não é lhe ensinar nada, até porque acredito que cada um tem sua maneira, o seu jeito, suas aspirações particulares. Mas desejo inspirá-los a seguir seu propósito. Pretendo que essa publicação alcance, em especial, os jovens, porque acredito na força transformadora das histórias de vida de pessoas simples como eu, que ousaram sonhar e persistir até alcançar seus objetivos. Nestas páginas, você vai ler sobre como encarei as situações mais desafiadoras, os tropeços que dei e os reveses que a vida, seja no âmbito pessoal, seja no profissional, impôs.

Eu tinha tudo para não dar em nada. Minha infância foi difícil. Sou filho de pais agricultores de origem germânica. Meu pai serviu ao Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial e, durante o conflito, os alemães no Brasil foram perseguidos pela Polícia brasileira. Achavam que poderiam ser adeptos do regime nazista. Isto fez com que eu tivesse uma educação muito rígida, à base de métodos bastante rudes. Com forte sotaque alemão – minha primeira língua falada – muita timidez e medo, saí da roça para a cidade. Em Igrejinha, estudei e aprendi o ofício de sapateiro. Enfrentei a ansiedade que me acompanhava desde a infância e toda sorte de adversidades, como preconceito e bullying, porque tinha uma força interior capaz de superar qualquer desafio.

Você também vai descobrir, durante a leitura, que o ditado “A dor ensina a gemer” é verdadeiro. Não tenho dúvidas de que é nos momentos de conflitos que crescemos, porque foi justamente nestas situações de extrema dificuldade que aprendi a exercitar meus instintos.

A partir dessa atitude, consegui condicionar meu cérebro a usar toda energia emocional na busca por soluções, estratégia que sempre mostrou as melhores saídas. Portanto, caro leitor, nunca duvide de seus instintos.

Com essa postura diante da vida, fui adquirindo experiência como profissional no ramo calçadista, sempre exercitando meus conhecimentos em várias áreas, buscando estar cercado por pessoas qualificadas e comprometidas, e aperfeiçoando o processo da arte de produzir sapatos. É lógico que eu sempre almejei ganhar dinheiro. Mas, acima de tudo, sempre desejei a perpetuação da marca e da empresa. E, para isso, foi preciso fazer escolhas que por vezes foram extremamente difíceis.
     Ao longo das próximas páginas, eu apresento o processo de construção da Usaflex S/A, os caminhos, obstáculos, dificuldades, erros e acertos que tive – sempre unido aos funcionários. A marca que, até hoje, é líder absoluta em calçados femininos de conforto começou com pouco capital, muito trabalho, persistência e foco.
     Reafirmo a todos que queiram seguir meu caminho que as derrotas e as vitórias andam juntas e fazem parte do crescimento profissional e, consequentemente, do sucesso da vida empresarial. Saiba que pessoas irão expor, talvez, seu único ponto negativo, na tentativa de tornar suas conquistas menos importantes. Não dê ouvidos a elas. Seja resiliente, erga a cabeça, não deixe de se reinventar e confie no seu propósito. 
     Meu objetivo maior ao escolher a trajetória empreendedora é deixar um legado para a família Lauck, para o município de Igrejinha, a cidade que me acolheu, e para as gerações futuras do setor calçadista do Brasil. 
     Boa leitura.