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ME TRANSFORME

poesias iniciais

a poesia

O que há de mais universal
é a poesia

A poesia fala
todas as línguas
todas as verdades
ou todas as mentiras
sem sequer encabular.

Em todas as línguas que fala
não se cala ao traduzir-se
seja em rimas ou seja livre
em palavras ou ideias
só porque pode falar.

A poesia fala da flor
E com a mesma intensidade
também canta a borboleta.
É capaz de falar do amor
em toda sua grandeza
e da mais profunda dor 
em toda sua tristeza.

Fala da espada que mata
na mão do herói em sua capa.
Da faca que sangra o boi
que vira alimento do homem
e do homem que é sangrado
como gado, sem um herói. 

Poesia não fecha os olhos
para o que dorme sob a ponte
ou sobre ela se admira.
Narra o caminho da água
Que sem parar ou repetir-se
segue o caminho do mar.

Sendo ela poesia e ponte
liga com versos quem busca
caminhos para encontrar-se
para encontrar os caminhos
da cura para suas dores.

A poesia fala de pontes.
Liga ilhas que sentem.
Ela não só fala. 
Ela é.
 

a memória,
o relógio,
o tempo

o tempo da memória
é diferente do tempo do relógio

no relógio o tempo escorre
fio de água 
fluxo constante
linear
preciso
conciso
não se permite mudar a direção

se tentar prendê-lo
vai escorrer
por entre os dedos
preciso
retilíneo
fluído
conciso constante fluxo linear

na memória o tempo é rio
caudaloso
inconstante
forma remansos
quedas d’água
transborda às vezes
se transforma com as estações

na memória
o tempo vira nuvem
se refaz em chuva
encharca por entre os dedos
é capaz de nos molhar
da cabeça aos pés
deixa poças em nós
 

 

 

as bruxas

Prefiro as bruxas às fadas
As que incendeiam
Não as incendiadas

As que queimam ervas e sutiãs
Para curar as doenças do mundo

As fadas
As princesas
As donzelas
São construções dos príncipes
Precisam delas para serem heróis

As bruxas não precisam de heróis
Precisam de paz para seguirem bruxas
Com seu chapéu pontudo
Sua vassoura mágica

O caldeirão com poções
De ingredientes secretos
Segredos que são tão seus
Quanto o direito de serem bruxas

Prefiro as bruxas às fadas
As que incendeiam
Que queimam príncipes
Em fogueiras mágicas
 

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