
Mãe TERRA
Vanessa Baptista
Nesse momento não há nenhuma possibilidade de insPIRAÇÃO, nem mesmo o ar me cabe mais.
Estou lotada, transbordando, palavras não se encontram, o trânsito está caótico, os pensamentos caminham entre elas, as tele-notícias as atravessam, arrancando seus retrovisores, me cegando a compreensão.
Tudo é exPIRAÇÃO de um corpo sensível e tensionado entre o interno e o externo, no mesmo momento em que se completam, não se traduzem, é como se o tempo todo estivessem abrindo mão.
Era tão desgastante quando a dor era só minha e silenciosa corroía a fala, trazendo seu alento em versos, e sua cura metafórica em um papel.
Hoje somos emudecidos pela morte de quem carrega a humanidade no ventre.
Eu não encontro palavras para curá-la, para desafogá-la, eu só lhe peço perdão.